quinta-feira, 25 de outubro de 2012

"i will wade out"

irei a vau
até embeber as coxas em flores de fogo
levarei o sol na boca
dando pulos no ar maduro
Vivo
de olhos oclusos
para topar com a escuridão
nas curvas sonolentas de meu corpo
entrarão dedos de maestria suave
com a castidade das ninfas
Completarei o mistério
da minha carne
Levantarei
Mil anos depois
lambendo
flores
E cravarei os dentes na prata da lua

(ee.cumings)



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Aires

Buenos Aires é uma cidade ambígua.
oscila entre a calma e a euforia
hostilidade e amabilidade
crueldade e bondade
organização e caos
provincianismo e cosmopolitismo
masculino e feminino
arrojado e medíocre
tacanho e elevado
tédio e entusiasmo
tradicional e contemporâneo
riqueza e miséria
concórdia e discórdia
virtude e vilidade
decadência e  modernidade
brega e chique
justiça e opressão
lucidez e sandice
asco e deleite
belo e feio

Os que aí vivem sofrem desse desejo ambíguo
de querê-la loucamente e fujirem dela regularmente.

Mas apesar das querelas cotidianas,
no fundo seus fieis concidadãos
não a traem.

São apaixonados por ela
apegados
vestem-se de um orgulho típico
que fazem dessa bela e feia dualidade
uma bela e vital
intensidade