quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"Como falar poesia"



“Tome a palavra borboleta. Para usar essa palavra não é necessário fazer a voz pesar menos do que uma onça ou equipá-la com pequenas asas empoeiradas. Não é necessário inventar um dia ensolarado ou um campo de narcisos. Não é necessário estar amando, ou estar apaixonado por borboletas. A palavra borboleta não é uma borboleta real. Há a palavra e a borboleta. Se você confunde esses dois itens as pessoas têm o direito de rir de você. Não faça muito da palavra. Você está tentando sugerir que você ama borboletas mais perfeitamente que qualquer outro, ou realmente entende sua natureza? A palavra borboleta é apenas dado. Não é uma oportunidade pra você pairar, planar, fazer amizade com flores, simbolizar beleza e fragilidade, ou de qualquer forma personificar uma borboleta. Não represente palavras. Nunca represente palavras. Nunca tente sair do solo quando você fala sobre voar. Nunca feche seus olhos e puxe rapidamente sua cabeça para um lado quando você fala de morte. Não fixe seus olhos flamejantes em mim quando você fala de amor. Se você quer me impressionar quando você fala de amor ponha sua mão no bolso ou embaixo de seu vestido e brinque com você mesma. Se a ambição e a fome por aplausos tem te guiado a falar sobre amor você deveria aprender como fazer isso sem desonrar você mesma ou o material.

Qual é a expressão que a nossa era demanda? A era não demanda expressão de qualquer forma. Nós temos visto fotografias de mães asiáticas de luto. Nós não estamos interessados na agonia de seus órgãos descuidados. Não há nada que você possa mostrar em sua face que possa se comparar ao o horror deste tempo. Nem mesmo tente. Você vai apenas se conservar no desprezo daqueles que sentem as coisas profundamente. Nós temos visto reportagens de humanos em extremos de dor e deslocamento. Todo mundo sabe que você está comendo bem e está mesmo sendo pago para ficar aí de pé. Você está brincando com pessoas que experimentaram uma catástrofe. Isso deveria te deixar muito quieto.
Fale as palavras, expresse os dados, um passo pro lado. Todo mundo sabe que você está sofrendo. Você não pode contar à audiência tudo que você sabe sobre amor em cada linha de sua fala. Dê um passo pro lado e eles saberão o que você sabe porque eles já sabem mesmo. Você não tem nada a ensiná-los. Você não é mais bonito do que eles são. Você não é mais sábio. Não grite com eles. Não force uma entrada a seco. Isso é sexo ruim. Se você mostrar as linhas de sua genital, então entregue o que prometeu. 

E lembre-se que a maioria das pessoas não querem realmente um acróbata na cama. Qual é a nossa necessidade? Estar perto do homem natural, estar perto da mulher natural. Não finja que você é um cantor adorado com uma vasta e leal audiência que seguiu os altos e baixos de sua vida até este último momento. As bombas, os lança-chamas, e toda aquela merda que destruíu mais do que árvores e vilas. Eles também destruíram o palco. Você pensou que sua profissão escaparia à destruição geral? Não há mais palco. Não há mais luzes da ribalta. Você está entre as pessoas. Então seja modesto. Fale as palavras, expresse os dados, passo pro lado. Fique sozinho. Fique no seu quarto. Não se coloque.
Esta é uma paisagem interior. É dentro. É privado. Respeite a privacidade do material. Estes pedaços foram escritos em silêncio. A coragem do jogo é falá-los. A disciplina do jogo é não violá-los. Deixe a audiência sentir seu amor pela privacidade mesmo que não haja privacidade. Seja uma boa puta. O poema não é um slogan. Não pode fazer propaganda de você. Não pode promover sua reputação de sensibilidade. Você não é um garanhão. Você não é um matador. Todo esse lixo sobre gangsters do amor. Você é um estudante da disciplina. Não represente as palavras. As palavras morrem quando você as representa, elas murcham, e somos deixados sem nada a não ser com sua ambição.

Fale as palavras com a exata precisão com a qual você checaria uma lista da lavanderia. Não se torne emotivo sobre a renda da blusa. Não fique de pau duro quando você diz calcinhas. Não fique cheio de calafrios por causa da toalha. Os lençóis não deveriam provocar uma expressão sonhadora sobre os olhos. Não há necessidade de chorar no lenço. As meias estão lá não para te lembrar de estranhas e distantes viagens. É apenas a tua lavanderia. São apenas suas roupas. Não fique espiando através delas. Apenas as use.
O poema não é nada mais do que informação. É a Constituição de um país interno. Se você o declama e o explode com suas nobres intenções então você não é melhor que os políticos que você despreza. Você é apenas alguém balançando uma bandeira e fazendo o apelo mais barato para um certo tipo de patriotismo emocional. Pense nas palavras como ciência, não como arte. Elas são um relatório. Você está falando diante de um encontro do Clube de Exploradores da National Geographic Society. Essas pessoas conhecem todos os riscos de se escalar montanhas. Eles te honram por tomar isso por certo. Se você enrubescer suas faces fazendo o contrário será um insulto à hospitalidade deles. Fale pra eles da altura da montanha, sobre o equipamento que você usou, seja específico sobre as superfícies e o tempo que tomou para escalá-la.. Não trabalhe com a audiência buscando arquejos e suspiros. Se você está buscando arquejos e suspiros não será de sua apreciação do evento mas da deles. Serão as estatísticas e não a voz trêmula ou o cortar do ar com suas mãos. Estará nos dados e na quieta organização de sua presença.

Evite o floreio. Não tenha medo de ser fraco. Não fique com medo de ficar cansado. Você fica bem quando está cansado. Você parece como se pudesse ir adiante pra sempre. Agora vem pros meus braços. Você é a imagem da minha beleza.”

do livro “Death of a Lady’s Man” de Leonard Cohen.

sobre Gertrude Stein



Gertrude é uma Gertrude

gertrude stein
não gostava de pound
q não gostava de gertrude
mas gostava de joyce
mas não gostava do finnegans wake
pound ignorou mallarmé
(mesmo valéry
vacilou ante un coup de dés)
mallarmé não entendeu
o lance de dados de flaubert
q lhe pareceu então
“uma aberração estranha”:
bouvard et pécuchet
em q pound anteviu lucidamente
“a inauguração de uma forma nova
sem precedentes”

“livre assez bête”
segundo valéry
q também não percebeu o projeto
dessa “enciclopédia crítica em farsa”
como a via o próprio flaubert
ou dessa
“encyclopédie de la bêtise”
como a chamou mais cruamente
geneviève bollème

bouvard et pécuchet
cujo segundo volume inacabado
e inacabável
– o “álbum” ou “sottisier” (tolicionário) –
equivaleria em radicalidade
ao projetado “livro”
de mallarmé
“mas é preciso estar louco
e triplamente frenético
para empreender um livro como este”
(flaubert a mme roger de genettes
sobre bouvard et pécuchet, 1872)
“você não acha
q é um ato de demência?”
(mallarmé a valery
sobre un coup de dés, 1897)

da impassibilidade
à impossibilidade

[...]

mas flaubert foi o pai
reconhecido
do conflito fraterno
desses irmãos antigêmeos
joyce e gertie
“james joyce et pécuchet”
era o titulo do artigo pioneiro
de pound sobre ulysses em 1922
e gertrude mais tarde:
“tudo o q fiz
foi influenciado por flaubert e cézanne”

“tout ce que j’ai de plus poétique
à vous dire
est de ne rien dire”
(flaubert)
“there was nothing to say
because just then
saying anything was nothing”
(g. stein)
“i am here
and i have nothing to say
and i am saying it
and this is poetry”
(john cage)

mas quero falar de gertrude
stein
porque ela teria feito 100 anos
este ano (1974)
se pudesse com schoenberg e ives
e se me perguntassem por que prefiro falar dos mortos
podendo falar dos vivos
respondo com fernando pessoa:
“com uma tal falta de gente coexistivel
como há hoje
que pode um homem de sensibilidade fazer
senão inventar os seus amigos
ou quando menos
os seus companheiros de espírito?”

[...]

ela é uma chata genial
a única q pegou o outro lado da questão
inglês básico mais repetições
it is it is it is it is.
if it and as if it
if it or as if it
and it is as if it and as if it.
or as if it.
repetições
q no monstruoso the making of americans
ultrapassam o limite da legibilidade

[...]

ela descobriu algo
não é dadá não é surrealista
é gertrude stein
gertrude é uma gertrude é uma gertrude é uma
“escutem aqui!
eu não sou nenhuma idiota
eu sei muito bem q na vida cotidiana
ninguém sai por aí dizendo
‘... é uma... é uma... é uma...’
sim
eu não sou nenhuma idiota
mas eu penso q nessa linha
a rosa está vermelha
pela primeira vez
na poesia inglesa
em cem anos

lançadora de manias
(“starter of crazes”)?
talvez
mas suas manias
duraram mais
do q duram as manias
e sua loucura
tem uma coerência
e uma limpidez
q não encontramos
nos brilharecos automatistas
de tantos surrealistas
em termos pignatarianos
ela é linguagem
enquanto os surrealistas
(q marxfreudizaram dadá)
são muito mais língua
alem de posteriores

[...]

num artigo
publicado em 1959
gertrude stein e a melodia de timbres
traduzi dois fragmentos de suas peças
four saints in threee acts (1927)
e listen to me (1938)
vale a pena lembrá-los

em four saints in three acts
(cinco palavras de uma silaba)
“an opera to be sung”
o uso dominante de monossílabos
cria verdadeiros blocos de moléculas sonoras
certos trechos parecem mais
a decupagem de uma partitura
onde a miúda permutação de palavras-sílabas
entre personagens
induz a uma
melodia de timbres
“um santo um verdadeiro santo
nunca faz nada
um mártir faz alguma coisa
mas um santo verdadeiramente bom
não faz nada
e assim eu queria ter quatro santos
q não fizessem nada
e eu escrevi os quatro santos em três atos
e eles não fizeram nada
e isso foi tudo” (autobiografia de todo mundo)

a música de virgil thomson
com seus propositados clichês e lugares-comuns
de gregoriano a exército da salvação
é a de um satie norte-americano
q consegue captar com grande eficácia
os valores prosódicos do texto
a ópera foi apresentada
pela primeira vez em 1934
(um ano antes da estreia de porgy and bess)
por um elenco de cantores negros
q se apaixonaram pelo texto
sem entendê-lo
e portanto o entenderam

gertrude stein não ouviu
le testament de villon
a ópera de ezra pound
extraordinária proeza musical
provençal-futurista
em cuja orquestração robert hughes vê
uma modalidade de klangfarbenmelodie
mas virgil thomson a assistiu
em paris (salle pleyel) em 1926
e recordou-a anos mais tarde
“não era exatamente a música de um músico
mas era talvez a mais bela música de poeta
desde thomas campion”

gertie e pound
convergem
nos textos de john cage
as “conferencias” e o longo poema (?)
diário: como melhorar o mundo
(você só tornará as coisas piores)
parcialmente incluído em a year from monday
(de segunda a um ano)

os monossílabos
voltaram a obcecar gertrude em listen to me
“eu pretendia escrever todo um livro
sobre palavras de uma sílaba
numa peça q acabo de escrever
listen to me
continuo pensando em palavras de uma sílaba
é natural escrever poemas com palavras
de uma só sílaba
e algumas vivem com palavras de três letras
e outras vivem com palavras de quatro letras”
e/ou
“eu direi em palavras de uma sílaba
tudo o q há para dizer
não muito bem mas tão bem
e assim não houve pano
pano
é uma palavra de duas sílabas”

elizabeth sprigge
conta q as últimas palavras de gertrude
foram:
“qual é a resposta?”
e como ninguém respondesse:
“então qual é a pergunta?”

marcel duchamp disse:
“não há solução
porque não há problema”
e flaubert, antes:
“a imbecilidade
consiste
em querer concluir”


(Augusto de Campos. O anticrítico. São Paulo: Companhia das letras, 1986)

Gertrude Stein: "If I told him: a completed portrait of Picasso"

"Se eu lhe contasse: um retrato acabado de Picasso"
(tradução de Augusto de Campos)



Se eu lhe contasse ele gostaria. Ele gostaria se eu lhe contasse.
Ele gostaria se Napoleão se Napoleão gostasse gostaria ele gostaria.
Se Napoleão se eu lhe contasse se eu lhe contasse se Napoleão. Gostaria se eu lhe contasse se eu lhe contasse se Napoleão. Gostaria se Napoleão se Napoleão se eu lhe contasse. Se eu lhe contasse se Napoleão se Napoleão se eu lhe contasse. Se eu lhe contasse ele gostaria ele gostaria se eu lhe contasse.
Já.
Não já.
E já.
Já.
Exatamente como como reis.
Tão totalmente tanto.
Exatidão como reis.
Para te suplicar tanto quanto.
Exatamente ou como reis.
Fechaduras fecham e abrem e assim rainhas. Fechaduras fecham e fechaduras e assim fechaduras fecham e fechaduras e assim e assim fechaduras e assim fechaduras fecham e assim fechaduras fecham e fechaduras e assim. E assim fechaduras fecham e assim e assado.
Exata semelhança e exata semelhança e exata semelhança como exata como uma semelhança, exatamente como assemelhar-se, exatamente assemelhar-se, exatamente em semelhança exatamente uma semelhança, exatamente a semelhança. Pois é assim a ação. Porque.
Repita prontamente afinal, repita prontamente afinal, repita prontamente afinal.
Pulse forte e ouça, repita prontamente afinal.
Juízo o juiz.
Como uma semelhança a ele.
Quem vem primeiro. Napoleão primeiro.
Quem vem também vindo vindo também, quem vem lá, quem vier virá, quem toma lá dá cá, cá e como lá tal qual tal ou tal qual.
Agora para dar data para dar data. Agora e agora e data e a data.
Quem veio primeiro Napoleão de primeiro. Quem veio primeiro. Napoleão primeiro. Quem veio primeiro, Napoleão primeiro.
Presentemente.
Exatamente eles vão bem.
Primeiro exatamente.
Exatamente eles vão bem também.
Primeiro exatamente.
E primeiro exatamente.
Exatamente eles vão bem.
E primeiro exatamente e exatamente.
E eles vão bem.
E primeiro exatamente e primeiro exatamente e eles vão bem.
O primeiro exatamente.
E eles vão bem.
O primeiro exatamente.
De primeiro exatamente.
Primeiro como exatamente.
De primeiro como exatamente.
Presentemente.
Como presentemente.
Como como presentemente.
Se se se se e se e se e e se e se e se e e como e como se e como se e se. Se é e como se é, e como se é e se é, se é e como se e se e como se é e se e se e e se e se.
Cachos roubam anéis cachos fiam, fiéis.
Como presentemente.
Como exatidão.
Como trens.
Tomo trens.
Tomo trens.
Como trens.
Como trens.
Presentemente.
Proporções.
Presentemente.
Como proporções como presentemente.
Pais e pois.
Era rei ou rês.
Pois e vez.
Uma vez uma vez uma vez era uma vez o que era uma vez uma vez uma vez era uma vez vez uma vez.
Vez e em vez.
E assim se fez.
Um.
Eu aterro.
Dois.
Aterro.
Três.
A terra.
Três.
A terra.
Três.
A terra.
Dois.
Aterro.
Um.
Eu aterro.
Dois.
Eu te erro.
Como um tão.
Eles não vão.
Uma nota.
Eles não notam.
Uma bota.
Eles não anotam.
Eles dotam.
Eles não dão.
Eles como denotam.
Milagres dão-se.
Dão-se bem.
Dão-se muito bem.
Um bem.
Tão bem.
Como ou como presentemente.
Vou recitar o que a história ensina. A história ensina.


If I told him: a completed portrait of Picasso:
If I told him would he like it. Would he like it if I told him. / Would he like it would Napoleon would Napoleon would would he like it. / If Napoleon if I told him if I told him if Napoleon. Would he like it if I told him if I told him if Napoleon. Would he like it if Napoleon if Napoleon if I told him. If I told him if Napoleon if Napoleon if I told him. If I told him would he like it would he like it if I told him. / Now. / Not now. / And now. / Now. / Exactly as as kings. / Feeling full for it. / Exactitude as kings. / So to beseech you as full as for it. / Exactly or as kings. / Shutters shut and open so do queens. Shutters shut and shutters and so /shutters shut and shutters and so and so shutters and so shutters shut and so shutters shut and shutters and so. And so shutters shut and so and also. And also and so and so and also. / Exact resemblance. To exact resemblance the exact resemblance as exact as a resemblance, exactly as resembling, exactly resembling, exactly in resemblance exactly a resemblance, exactly and resemblance. For this is so. Because. / Now actively repeat at all, now actively repeat at all, now actively repeat at all. / Have hold and hear, actively repeat at all. / I judge judge. / As a resemblance to him. / Who comes first. Napoleon the first. / Who comes too coming coming too, who goes there, as they go they share, who shares all, all is as all as as yet or as yet. / Now to date now to date. Now and now and date and the date. / Who came first. Napoleon at first. Who came first Napoleon the first. Who came first, Napoleon first. / Presently. / Exactly do they do. / First exactly. / Exactly do they do too. / First exactly. / And first exactly. / Exactly do they do. / And first exactly and exactly. / And do they do. / At first exactly and first exactly and do they do. / The first exactly. / And do they do. / The first exactly. / At first exactly. / First as exactly. / As first as exactly. / Presently / As presently. / As as presently. / He he he he and he and he and and he and he and he and and as and as he and as he and he. He is and as he is, and as he is and he is, he is and as he and he and as he is and he and he and and he and he. / Can curls rob can curls quote, quotable. / As presently. / As exactitude. / As trains. / Has trains. / Has trains. / As trains. / As trains. / Presently. / Proportions. / Presently. / As proportions as presently. / Father and farther. / Was the king or room. / Farther and whether. / Was there was there was there what was there was there what was there was there there was there. / Whether and in there. / As even say so. / One. / I land. / Two. / I land. / Three. / The land. / Three. / The land. / Three. / The land. / Two. / I land. / Two. / I land. / One. / I land. / Two. / I land. / As a so. / They cannot. / A note. / They cannot. / A float. / They cannot. / They dote. / They cannot. / They as denote. / Miracles play. / Play fairly. / Play fairly well. / A well. / As well. / As or as presently. / Let me recite what history teaches. History teaches.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A veces, a tu lado...

A veces, a tu lado,
se entretecien tus ojos y me olvidan.

Olvidado y cerca de ti
soy como quien quedó en la noche
a la cabecera de un amor que se ha dormido.
Pero no duermes, partes; amas siempre, pero no amí.
Vigilo entonces
la anudación que se labra entre nuestras horas
y ardientemente busco
echar, sin que lo sepas,
nuevo nudo, invisible y el más fuerte.
Mas no puedo trabarlo cuando ya has tornado.

Y siempre quedaré temiendo
ese pasado tuyo que vulve,
ese presente tuyo que me quitas.

(Macedônio Fernandez - Buenos Aires, 1921)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Volto ao Sul...



Música: Astor Piazzolla

Letra: Fernando "Pino" Solanas

...Vuelvo al Sur,
como se vuelve siempre al amor,
vuelvo a vos,
con mi deseo, con mi temor.

Llevo el Sur,
como un destino del corazón,
soy del Sur,
como los aires del bandoneón.

Sueño el Sur,
inmensa luna, cielo al reves,
busco el Sur,
el tiempo abierto, y su después.

Quiero al Sur,
su buena gente, su dignidad,
siento el Sur,
como tu cuerpo en la intimidad.

Te quiero Sur,
Sur, te quiero.

Vuelvo al Sur,
como se vuelve siempre al amor,
vuelvo a vos,
con mi deseo, con mi temor.

Quiero al Sur,
su buena gente, su dignidad,
siento el Sur,
como tu cuerpo en la intimidad.
Vuelvo al Sur,
llevo el Sur,
te quiero Sur,
te quiero Sur...