segunda-feira, 18 de julho de 2011

Três preceitos fundamentais na criação artística segundo Alexander Sokurov:

1º Contar apenas consigo mesmo

2º Ser paciente

3º Trabalhar em todas as condições possíveis - ruins, desfavoráveis - e não se importar com as reações a seu trabalho.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Samuel Beckett, vem e vai

A nova geração: Per Arne Glorvigen

Natural da Noruega, Per Arne Glorvigen, formou-se em música e então descobriu bandoneón. Estudou na França com um dos mestres no instrumento, da geração pós Piazzolla: Juan José Mosalini.





quarta-feira, 13 de julho de 2011

TANTAS CONSTELAÇÕES que nos
são oferecidas. Quando
eu te vi  - quando? -,
eu estava
em outros mundos.

Estas vias, galácticas,
esta hora que
estendeu as noites à
carga dos nossos nomes.
Sei, eu sei que não é verdade
que estivéssemos vivos, tão somente
um alento é que cego andava
lá e não-aí, e às vezes
um olho sibilava feito um cometa
até o extinto, nos abismos,
 e lá onde isso ardia estava
Cronos coroado,
no qual concrescia, transcrescia
subscrescia, excrescia tudo o que
é ou foi ou será - ,

sei,
eu sei e tu sabes, nós sabíamos
não sabíamos não, nós
estávamos bem aí e não lá,
e, as vezes, quando
apenas o Nada estava entre nós,
nós nos encontrávamos plenamente.

sábado, 9 de julho de 2011

" um outro mundo melhor na barriga deste mundo de merda"



Depoimento de Eduardo Galeano na praça Catalunya, 24/05/11.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

FIAPOSSÓIS

as cabeças, monstruosas, e a cidade
que elas constroem, em busca da
felicidade

Se ainda uma vez, a ti fiel, fosses a minha dor,
e um lábio passasse por perto, do lado de cá, neste
lugar onde ando além de mim mesmo,

eu te levaria
por esta estrada
em frente.

(...) no caso de Celan as suas dúvidas, inquietudes, dilemas, levaram-no realmente a uma poesia visceral, contribuindo talvez para literalmente destruí-lo. Afinal, o seu suicídio, em 1970, certamente que em parte deve ter sido provocado ...pela sua incapacidade de crer numa possibilidade de redenção para a humanidade, para a história e para a própria condição humana.


Celan não logrou ou não quis essa crença, fosse através da ação política, da beleza artística ou mesmo da apreensão do sagrado, do divino que há na história e no mundo, e que nos cabe desvelar e mesmo ajudar a construir, cada um da forma que puder.

O poeta não conseguiu acreditar que seria possível para o poeta resistir ao mal e ao erro espalhado no mundo pelas ‘cabeças monstruosas’; não vislumbrou que é possível e necessário, não somente ao poeta mas a qualquer indivíduo, contribuir para extirpar do mundo as condições sociais objetivas que sustentam essas ‘cabeças monstruosas’, mesmo que essa vitória não se dê ao longo de nosso breve tempo de vida.

PARTITURA DE NEVE

ILEGIBILIDADE deste
mundo. Tudo duplo.

Os relógios poderosos
dão razão à hora físsil
roucos

Tu, encalacrado em teu âmago
te apeias de ti
para sempre.

Cão Maior

"os cães gerais ladram às luas que lavram pelos desertos fora, mas a gota de água treme e brilha, não uses as unhas senão nas linhas mais puras, e a grande Constelação do Cão galga através da noite do mundo cheia de ar e de areia e de fogo, e não interrompe ministério nenhum nem nenhum elemento, e tu guarda para a escrita a estrita gota de água imarcescível contra a turva sede da matilha, com tua linha limpa cruzas cactos, escorpiões, árduos buracos negros: queres apenas aquela gota viva entre as unhas, enquanto em torno sob as luas os cães cheiram os cus uns aos outros à procura do ouro"

Herberto Helder

(publicado em 07 de maio de 2011 no jornal "O Público" de Portugal)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

quando a verdade e beleza se encontram

um poema de Emily Dickinson

Morri pela beleza – e assim que no Jazigo
Meu Corpo foi fechado,
Um outro Morto foi depositado
Num Túmulo contíguo –

“Por que morreu?” murmurou sua voz.
“Pela Beleza” – retruquei –
“Pois eu – pela Verdade – É o mesmo. Nós
Somos Irmãos. É uma só lei” –

E assim Parentes pela Noite, sábios –
Conversamos a Sós –
Até que o Musgo encobriu nossos lábios –
E – nomes – logo após –

(Em "Não sou ninguém" - seleção e tradução de Augusto de Campos)