segunda-feira, 30 de novembro de 2009

9 dicas pra poetas pós-modernos que fingem que não o são, ou pretendem um dia sê-los para fingí-los não sê-los

[insira aqui uma frase de efeito, se inspire em nicks de msn. "a vida é como um filme em preto e branco cujos atores se comportam como se tudo fosse colorido". faça de conta que foi extremamente pensado e filosofado, quando tudo o que você fez foi falar a primeira coisa sem noção que lhe veio à cabeça]

[insira aqui uma estrofe inteira com adjetivos óbvios e nomes comuns. mas finja que não são. "amor desnudo", "chuva cinza", "riso pálido", "olhos de faísca" são boas dicas]

[aqui é a hora que você fará trocadilhos idiossincráticos, como "cuscuz" com "avestruz", e "tatue" seguido de "menstrue", pra provar sua mente aberta às pós-modernidades]

[escreva todos os seus textos em letras minúsculas. estamos na era da internet, então você precisa propagar a idéia de que na "contemporaneidade a língua enfim se faz livre das amarras de uma sociedade opressora que..." é isso aí]

[quando passar da fase dos adjetivos óbvios e nomes banais, faça metáforas que ninguém compreende. como "a vida inteira passa em canos enferrujados e minhas lágrimas são chuva ácida." e justifique isso com uma afirmativa como "a verdadeira poesia vai além dos alicerces da razão" ou algo do gênero]

[tenha a afirmativa citada anteriormente salva no seu "ctrl+c" e anotada na penúltima folha do seu caderno. para emergências]

[faça textos idiotas e irônicos divididos em tópicos diferentes. pode ser uma receita de bolo disfarçada ou um passo-passo para qualquer coisa. isso também é original e pós-moderno. pra ser mais cool ainda, diga que é um poema com um olhar crítico da civilização ocidental disfarçado com uma pequena influencia de humor britânico, à la Monty Phyton. (nossa, boa, vou anotar isso...)]

[escreva títulos longos e versos assimétricos para seus poemas. para demonstrar sua versatilidade, depois, escreva sonetos de métrica incorreta. justifique o equivoco com o mesmo papo sobre "pós-modernidade liberta o individuo contemporâneo..." blablablá. use essa mesma desculpa esfarrapada pra justificar seus erros gramaticais]

[compre meia dúzia e meia de dor e amadurecimento no mercado livre. reze para não darem um lance maior que o seu antes das 2 horas da tarde do próximo sábado, senão...]

*assumo que isso é uma escrotidão.

3 comentários:

  1. Oi, Francisco, excelente blog, muitíssimo bom gosto. Quando os poemas não tem assinatura, quer dizer que são seus, né?

    Abs do Lúcio Jr.

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  2. Escrotidão nada, Chico. Achei provocativo e chique. Tou sempre aqui no seu blog ouvindo suas dicas musicais maravilhosas: adoro Bach, Einzerstunde me faz lembrar a Fafich nos anos 90, jazz, Keroauc!

    Cool, eles racham a madeira é COOL!

    ABS DO LÚCIO jR.

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  3. Eu vou postar esse texto no meu blog.

    Só vou deixar passar um tempo pq traduzi um conto do John Hemingway que faz algumas insinuações para o Gerald Thomas e o cara ficou puto comigo, o tradutor! Vou esperar a poeira baixar e posto algo seu lá.

    Abs do Lúcio Jr.

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