segunda-feira, 14 de junho de 2010

Bloomsday 2010 em BH


"Era grelhúsculo”...

Intervenção cênico-sonora com Ü e convidados

“Era grelhúsculo...” Nossa! Que palavra esdrúxula, estranha, meio aberrante e monstruosa não parece? Mas é assim que inicia o poema Jabberwocky de Lewis Carroll na tradução de Renato Suttana. O poema aparece no livro de Alice através do espelho no capítulo em que ela encontra Humpty Dumpty, o ovo que se equilibra em cima do muro. Esse poema teria inspirado James Joyce na criação do seu empreendimento literário mais ousado: o Finnegans Wake. “Era” alude ao início das inúmeras histórias infantis como em “Era uma vez...” e contém também o sentido de época, de tempo histórico como em “Na era medieval” ou como em “A era” o título de um poema de Madelstam. Grelhúsculo é uma palavra valise. Uma palavra inteiramente nova que incorpora duas palavras em uma só com dois sentidos diferentes: grelhúsculo = crepúsculo + grelha, o fogo que é usado pra preparar o jantar.

O Ü é uma banda de rock experimental de Belo Horizonte com influências do pós-punk, free-jazz e outras sonoridades cyber tropicais... foramdo por Pulinha (vocal), Miguel (baixo), Chico (saxofones), Marcelo (guitarra) e Pedro (baixo)

Os convidados: Vinicios (da banda Dead Lovers) nos vocais, Marcos (da banda Junkie Dogs) no teclado e Lucas (da banda Constantina) no trompete.

Nossa participação nesse Bloomsday 2010 segue o espírito to joy: Jogar, divertir, criar uma intervenção sonora e visual para abarcar um pouco do universo joyceano e carrolleano.

Basicamente nos inspiramos no Joyce no Finnegans Wake e na Alice, mais exatamente no diálogo do Humpty Dumpty.

Não pode passar de 10 min...

Por enquanto a coisa ainda não está muito definida (estamos brincando e descobrindo ainda...), mas ao que tudo indica iremos fazer um som que parte do nascimento do som e da palavra (como no gênesis...), até a palavra ir surgindo e se fixar em um ritmo pendular que é o movimento do Humty Dumpty. Aos poucos tudo vai se juntando nesse ritmo cíclico, oscilante, enquanto as palavras vão germinando e polulando até finalmente tudo se deslocar para uma constelação de palavras em que o ritmo se torne assimétrico e caleidoscópico... Aí a coisa vai para um diálogo nonsense, um surto psicótico da Alice (que está ficando engraçado!) parecido com o rei e a rainha de copas no livro... cortem-lhe as cabeças! Finalmente a idéia é finalizar em uma alicinação, um espasmo coletivo...demência total!

Tudo pode sugerir a idéia de uma queda, a grande queda do ovo, a queda do Finnegans, a queda mítica de toda a humanidade...

Junto com esse “roteiro sonoro” será projetado um vídeo extraído do documentário “Spiritual Voices” do diretor russo Sokurov. Uma imagem fixa, imóvel, que enquadra uma paisagem distante, invernal, bucólica e onírica e que aos poucos se transforma passando do claro (dia) e vai para o escuro (noite).. o crepúsulo, o grelhúsculo...

E como todo bom jogo tem uma regra, como no xadrez que encantou Lewis Carroll, a regra pra fazer essa intervenção e pra quem for lá no Inimá de Paula no dia 16 de junho é: cortem as cabeças!!

Devir animaaaaaaal!

Assim, monstruoso igual o jaguadarte Uuuhhhrrrr!!!!

3 comentários:

  1. Oi, Chico, foi um prazer te conhecer.

    Fiz um post sobre o show. Dê o toque no pessoal.

    Abs do Lúcio Jr.

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  2. kkk, ótimo! Vou reproduzir no meu blog na parte de comentários.

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  3. Ah, Chico, Penetrália sou eu tb, o revista cidade sol, ok...

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