terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

V.

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminoso, no ar.
É preciso a saudade para eu te sentir
como sinto -em mim- a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outro e múltiplo e imprevisto
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

Um comentário:

  1. Eu não vou postar nenhum texto rebuscado. Não sei escrever difíl. Não me importa se vc não responde a um comentário e também perdôo o tempo que leva os teus escritos. Mas gosto do que deixas aqui. É bonito. E se, se por um acaso um dia vc sumir daqui, não me dê aviso. Prefiro que seja assim o fim. Do Francisco.

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