sexta-feira, 8 de julho de 2011

FIAPOSSÓIS

as cabeças, monstruosas, e a cidade
que elas constroem, em busca da
felicidade

Se ainda uma vez, a ti fiel, fosses a minha dor,
e um lábio passasse por perto, do lado de cá, neste
lugar onde ando além de mim mesmo,

eu te levaria
por esta estrada
em frente.

(...) no caso de Celan as suas dúvidas, inquietudes, dilemas, levaram-no realmente a uma poesia visceral, contribuindo talvez para literalmente destruí-lo. Afinal, o seu suicídio, em 1970, certamente que em parte deve ter sido provocado ...pela sua incapacidade de crer numa possibilidade de redenção para a humanidade, para a história e para a própria condição humana.


Celan não logrou ou não quis essa crença, fosse através da ação política, da beleza artística ou mesmo da apreensão do sagrado, do divino que há na história e no mundo, e que nos cabe desvelar e mesmo ajudar a construir, cada um da forma que puder.

O poeta não conseguiu acreditar que seria possível para o poeta resistir ao mal e ao erro espalhado no mundo pelas ‘cabeças monstruosas’; não vislumbrou que é possível e necessário, não somente ao poeta mas a qualquer indivíduo, contribuir para extirpar do mundo as condições sociais objetivas que sustentam essas ‘cabeças monstruosas’, mesmo que essa vitória não se dê ao longo de nosso breve tempo de vida.

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