terça-feira, 25 de outubro de 2011


Corona

De minha mão 
o outono devora suas folhas: somos amigos
Descascamos o Tempo das nozes e o ensinamos a partir:
O Tempo regressa à casca

No espelho é domingo,
no sonho dorme-se,
a boca fala veracidade.

Meu olhar desce para o sexo da amante:
Vemos-nos,
falamos sombrios,
amamos-nos como papoula e memória,
adormecemos como vinho nas conchas,
como o mar no brilho sanguíneo da lua.

Estamos abraçados à janela, vêem-nos da rua:
é tempo de saber!
é tempo da pedra se preparar para florescer
que a inquietação faça pulsar um coração.
É tempo de ser tempo.

É tempo.

(Paul Celan)

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