quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

de limiar em limiar

continuamente degradante
os ventos gentilmente,
os ventos brutalmente,
devastam o tudo-sobre-a-terra

projetados sobre a taciturna sombra dos céus
mulheres e homens dão razão à hora físsil
e se entregam ao mundo ultrajado

eles já não aparecem nas janelas
eles já não apertam as mãos
eles dão murros na própria fronte
eles são podados com as tulipas

alguém assalta meus olhos,
carrega-os como mortos nos braços

alguém despreza os nomes,
abandona-os na lama ilegível

alguém corrompe o sentido,
viola o mais profundo da fonte

alguém ri do pranto,
brinda o medo aflitivo

alguém ergue-se na poeira,
ataca o rosto com armas
e dorme abraçado com o crime

quando as portas se fecham
tu procura o antônimo de tudo isso

tu desperdiça o todo
tu não chega até ti

apeado no âmago da escassez
conservas a noite de teu rastro

tu estas aí
tu estas lá e aqui ainda
com essa faísca extinguindo

entrelaçando
descascando
dispondo na pedra
uma última lua-lágrima
ainda por florescer.

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