AFINAL, conheci de fato um poeta e escritor de versos cativantes que, por algum tempo, hospedou-se na banheira de uma dama assaz versada, o que, creio, nos autoriza a lançar a questão sobre se o poeta, por delicadeza, desaparecia dali a tempo quando a dama desejava tomar banho.
Certo é, em todo caso, que o senhor Poeta se sentia muitíssimo bem em sua banheira, que ele próprio decorara de forma pictórica, com antigos casacos, panos, trapos e restos de tapetes, de uma maneira tão aventurosa quanto romântica; e, tanto quanto se sabe, ele afirmava, firme e resoluto, morar ao estilo árabe. Deus do céu, que criatura simpática, atraente e animadora é a fantasia!
Encerro aqui essa interatividrástica moda de vida através do “livro dos rostos” ou “bundas na janela”, como preferrirem. Por rasas rações proficcionais não desativarei essa conta, porém não prestarei, não darei e não dou mais conta. Esgotamento, mais além do cançaço. Deixarei de me esgueirar nesse lamassal medial ornamentado com narcisos publiciotários in-potenciais. Penso que o gênero humano ultrajado está maduro para algo mais. Os ofícios e artes trabalham pelo mínimo salário do mais secreto coração. Decifra-me que te devoro. Procure meu nome em terras onde não estou, e procure-me em terras onde meu nome não está.
Estou no outro lado do mundo, daqui a cem anos, levantando populações… Me desespero porque não posso estar presente a todos os atos da vida. Onde esconder minha cara? O mundo samba na minha cabeça. Triângulos, estrelas, noites, mulheres andando, presságios brotando no ar, diversos pesos e movimentos me chamam a atenção, o mundo vai mudar a cara, a morte revelará o sentido verdadeiro das coisas. Andarei no ar.
Estarei em todos os nascimentos e em todas as agonias, me aninharei nos recantos do corpo da noiva, na cabeça dos artistas doentes, dos revolucionários. Tudo transparecerá: vulcões de ódio, explosões de amor, outras caras aparecerão na terra, o vento que vem da eternidade suspenderá os passos, dançarei na luz dos relâmpagos, beijarei sete mulheres, vibrarei nos cangerês do mar, abraçarei as almas no ar, me insinuarei nos quatro cantos do mundo.
Almas desesperadas eu vos amo. Almas insatisfeitas, ardentes. Detesto os que se tapeiam, os que brincam de cabra-cega com a vida, os homens “práticos”… Viva São Francisco e vários suicidas e amantes suicidas, os soldados que perderam a batalha, as mães bem mães, as fêmeas bem fêmeas, os doidos bem doidos. Vivam os transfigurados, ou porque eram perfeitos ou porque jejuavam muito...viva eu, que inauguro no mundo o estado de bagunça transcendente.
A nossa sensibilidade, os nossos sentimentos, já não nos prometem nada: sobrevivem ao nosso lado, faustosos e inúteis como animais domésticos de apartamento. E a coragem – perante a qual o niilismo imperfeito do nosso tempo não cessa de bater em retirada – consistiria precisamente em reconhecer que já não temos estados de alma, que somos os primeiros seres humanos não afinados com uma ‘stimmung’ (estados de alma, disposição interior), os primeiros seres humanos por assim dizer, não musicais: somos sem ‘stimmung’, ou seja, sem vocação. Não é uma condição alegre, como alguns desgraçados no-lo querem fazer crer, nem sequer é uma condição, se por condição entendermos necessariamente, e ainda, um destino e uma certa disposição; mas é a nossa situação, o ‘sítio’, desolado onde nos encontramos, absolutamente abandonados por toda a vocação e por todo o destino, expostos como nunca antes.
Silêncio e paz. Ali eu podia ter ficado para sempre. É algo que nos falta. Primeiro postamos. Depois postúmulos. E que chova agora se quiserem. Brava ou leve como queiram. Que chova e lave, pois meu tempo é breve. Dei o melhor de mim quando me deixaram. Pensando sempre se eu vou tudo vai. Muliticroscrúpulos, torturas tântalas, e há alguém que me entenda? Um em milumanoites? Toda minha vida entre esses e agora náusea. Náusea às suas minúsculas manhas mornas. Náusea aos seus médios modos cômodos. E todos os borbotões vorazes que brotam de suas semialmas. E todas as brechas de ócio em seus corpos de pedrorgulho. Como tudo é nada! Mas eu vou-me soltando deste resto que é tudo o que eu detesto. Solunaticamente em mim só. Por todas as suas culpas. Sim, me vou indo. Oh amargo fim! Eu me escapulirei antes que eles acordem. Eles não hão de ver. Nem saber. Nem sentir minha falta. A via a uma a una amém a mor além a deus
Esta noche, buscando tu boca en otra boca, casi creyéndolo, porque así de ciego es este río que me tira en mujer y me sumerge entre sus párpados, qué tristeza nadar al fin hacia la orilla del sopor sabiendo que el placer es ese esclavo innoble que acepta las monedas falsas, las circula sonriendo. Olvidada pureza, cómo quisiera rescatar ese dolor de Buenos Aires, esa espera sin pausas ni esperanza. Solo en mi casa abierta sobre el puerto otra vez empezar a quererte, otra vez encontrarte en el café de la mañana sin que tanta cosa irrenunciable hubiera sucedido. Y no tener que acordarme de este olvido que sube para nada, para borrar del pizarrón tus muñequitos y no dejarme más que una ventana sin estrellas. (Presencias - 1938)
Buenos Aires é uma cidade ambígua.
oscila entre a calma e a euforia
hostilidade e amabilidade
crueldade e bondade
organização e caos
provincianismo e cosmopolitismo
masculino e feminino
arrojado e medíocre
tacanho e elevado
tédio e entusiasmo
tradicional e contemporâneo
riqueza e miséria
concórdia e discórdia
virtude e vilidade
decadência e modernidade
brega e chique
justiça e opressão
lucidez e sandice
asco e deleite
belo e feio
Os que aí vivem sofrem desse desejo ambíguo
de querê-la loucamente e fujirem dela regularmente.
Mas apesar das querelas cotidianas,
no fundo seus fieis concidadãos
não a traem.
São apaixonados por ela
apegados
vestem-se de um orgulho típico
que fazem dessa bela e feia dualidade
uma bela e vital
intensidade
Foi quando finalmente me aproximei, te peguei pelas mãos e te levei para um canto afastado daquela euforia. Eu ia à frente e você seguia atrás. No caminho você reparava no cabelo da minha nuca, a gola do meu paletó, minhas orelhas e mãos. Descemos as escadas e fomos até um cômodo lúgubre, meio abafado.
Não se via um palmo à frente. Então dei a volta e agarrando sua cintura por detrás sussurrei em seu ouvido:
- Minha língua te espreita.
Senti seu corpo jovem de mulher, um cheiro quente de flores adocicadas.
Senti seus poros transpirando enquanto você gemia incontrolavelmente.
Aquilo nos entorpeceu. Nos embriagou até o esgotamento.
Aquilo foi o amor trabalhando na sua loucura.
A filosofia é mesmo apaixonante.
Deleuze foi apaixonado por ela.
Deleuze é apaixonante.
Deleuze vivia se lamentando.
Deleuze adorava as elegias.
Deleuze foi um filósofo alegre?
É possível.
ALEGRIA. um conceito de Spinoza, que
tornou a alegria um conceito de resistência e vida.
“Evitemos as paixões tristes e
vivamos com alegria para ter o máximo de nossa potência; fugir da resignação,
da má-consciência, da culpa e de todos
os afectos tristes que padres, juízes e psicanalistas exploram”.
O que é a alegria?
Deleuze: vou simplificar muito, mas quero dizer que a alegria é tudo o que consiste
em preencher uma potência. Sente alegria quando preenche, quando efetua uma de suas
potências.
Exemplo: Eu conquisto, por menor que seja, um pedaço de cor. Entro um
pouco na cor. Pode imaginar a alegria que isso representa? Preencher uma
potência é isso, efetuar uma potência. Mas o que é equívoco é a palavra
“potência”.
E o que é a tristeza?
É quando estou separado de uma potência da qual eu me achava capaz, estando
certo ou errado. “Eu poderia ter feito aquilo, mas as circunstâncias... não era
permitido, etc.” É aí que ocorre a tristeza. Qualquer tristeza resulta de um
poder sobre mim. O ruim é o menor grau
de potência. E este grau é o poder. O que é a maldade? É impedir alguém de
fazer o que ele pode, é impedir que este alguém efetue a sua potência. Portanto,
não há potência ruim, há poderes maus. E talvez todo poder seja mau por natureza.
A confusão entre poder e potência é arrasadora, porque o poder sempre
separa as pessoas que lhe estão submissas, separa-as do que elas podem fazer.
“A tristeza está ligada aos padres, aos tiranos, juristas, psicanalistas...”
São pessoas que separam seus sujeitos do que eles podem, que proíbem as
efetuações de potência.
E o que é este poder de padre e em que está ligado à tristeza?
Segundo Nietzsche, o padre se define
desta forma: ele inventou a idéia de que os homens estão num estado de dívida infinita.
Eles têm uma dívida infinita. Antes, havia histórias de dívida, mas Nietzsche precedeu
todos os etnólogos. Aliás, os etnólogos deveriam ler Nietzsche. Eles
descobriram bem depois de Nietzsche que, nas sociedades primitivas, havia
permutas de dívidas. Não funcionava tanto através da troca, como se pensava,
mas por partes de dívidas: uma tribo tinha uma dívida para com outra tribo,
etc. Eram blocos de dívidas finitas: eles recebiam e devolviam. A diferença com
a troca é que havia a realidade do tempo. Era uma restituição diferida. É importante! A dívida precede a
troca. São questões filosóficas: a permuta, a dívida, a dívida que precede a
troca. É um grande conceito filosófico. Digo filosófico porque Nietzsche disse
antes dos etnólogos. Mas enquanto as dívidas têm este regime finito, o homem
pode se libertar. O padre judeu invoca, pois, em virtude de uma Aliança, a idéia
de uma dívida infinita do povo judeu para com Deus, e os cristãos retomam esta
idéia de outra forma, a idéia de dívida infinita ligada a do pecado original. O
personagem do padre é muito curioso. E cabe à Filosofia fazer o conceito. Não
digo que a Filosofia seja atéia, mas, no caso de Spinoza que já tinha esboçado
uma análise do padre, do padre judeu no Tratado Teológico-Político, pode
acontecer que conceitos filosóficos sejam verdadeiros personagens. É por isso
que a Filosofia é tão concreta. Fazer o conceito do padre é como algum artista
faria o quadro ou o retrato do padre. O conceito do padre trazido por Spinoza, por
Nietzsche e, depois, por Foucault, forma uma linhagem apaixonante. Eu também gostaria
de entrar nesta linha e ver que poder pastoral é esse. Dizem que ele não
funciona mais, mas quem o substituiu?
A psicanálise é um novo avatar do poder pastoral. Em que ele se define?
Os
padres não são a mesma coisa que os tiranos, mas eles têm em comum o fato de
manterem-se no poder através das paixões tristes que eles inspiram aos homens.
Do tipo: “Arrependam-se em nome da
dívida infinita, você é objeto da dívida infinita”. Por esse caminho, eles têm
poder! O poder é sempre um obstáculo diante da efetuação das potências.
Eu diria que todo poder é triste. Mesmo se aqueles que o detêm se alegram
em tê-lo. Mas é uma alegria triste. Sim, existem alegrias tristes. Mas a
alegria é uma efetuação das potências. Eu repito: não conheço nenhuma potência
má. O tufão é uma potência. Alegra-se na alma, mas não por derrubar casas, mas
simplesmente por ser. Regozijar-se é estar alegre pelo que somos, por ter
chegado onde estamos. Não se trata da alegria de si mesmo, isto não é alegria,
não é estar satisfeito consigo mesmo. É o prazer da conquista, como dizia Nietzsche. Mas a conquista não
consiste em servir pessoas. A conquista é, para o pintor, conquistar a cor.
Isso sim é uma conquista. Neste caso, é a alegria. Mesmo que isso não termine
bem, pois nestas histórias de potência, quando se conquista uma potência, ela
pode ser potente demais para a própria pessoa e ela acaba não suportando. Van
Gogh!
ONDE AGORA? Quando agora? Quem agora? Sem me perguntar.
Dizer eu. Sem pensar. Chamar isso de
perguntas, hipóteses. Ir adiante, chamar isso de ir, chamar isso de adiante. Pode
ser que um dia, primeiro passo, vai, eu tenha ficado simplesmente alí, onde, em
vez de sair, segundo um velho hábito, passar dia e noite tão longe de casa
quanto possível, não era longe. Pode ter começado assim. Não me farei mais
perguntas. Você só pensa em descansar, para agir melhor depois, ou sem segundas
intenções, e eis que em muito pouco tempo já se está na impossibilidade de
nunca mais fazer nada. Pouco importa como isso se deu. Isso, dizer isso, sem
saber o quê. Talvez não tenha feito mais que ratificar um velho fato consumado.
Mas não fiz nada de fato. Parece que falo, não sou eu, de mim, não é de mim. São
algumas generalizações para começar. Como fazer, como vou fazer, que devo
fazer, na situação em que estou, como proceder? Por aporia pura, ou melhor por
afirmações e negações invalidadas à medida que são expressas, ou mais cedo ou
mais tarde. Isso de uma forma geral. Deve haver outros expedientes. Senão seria
um desepero total. Observar, antes de ir mais longe, ao adiante que digo aporia
sem saber o que isso quer dizer. Pode-se ser efético de outro modo que à
revelia? Não sei. Os sim e não são outra coisa, retornarão a mim à medida que
progrida, e a forma de cagar-lhes em cima, mais cedo ou mais tarde, como um
pássaro, sem esquecer um só.
Diz-se isso. O fato parece ser, se na situação em que me
encontro pode-se falar de fatos, não apenas que eu vá ter de falar coisas das
quais não posso falar, mas ainda, o que é ainda mais interessante, que eu, não
sei mais, não faz mal. Entretanto sou obrigado a falar. Não me calarei nunca.
Nunca.
Brasil amado, não porque seja a minha pátria, Pátria é acaso de migrações e do pão nosso onde deus der... Brasil que eu amo porque é o ritmo do meu braço aventuroso O gosto dos meus descansos, O balanço das minhas cantigas, amores, danças. Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada, Porque é o meu sentimento muito pachorrento, Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir
De uma carta jogada em cima da mesa sai uma linha que corre pela tábua de pinho e desce por uma perna. Basta olhar bem para descobrir que a linha continua pelo assoalho, sobe pela parede, entra numa lâmina que reproduz um quadro de Boucher, desenha as costas de uma mulher reclinada num divã e afinal foge do quarto pelo teto e desce pelo fio do pára-raios até a rua. Ali é difícil segui-la por causa do trânsito, mas prestando atenção a veremos subir pela roda do ônibus estacionado na esquina e que vai até o porto. Lá ela desce pela meia de náilon da passageira mais loura, entra no território hostil das alfândegas, sobe e rasteja e ziguezagueia até o cais principal, e aí (mas é difícil enxergá-la, só os ratos a seguem para subir a bordo) alcança o navio de turbinas sonoras, corre pelas tábuas do convés de primeira classe, passa com dificuldade a escotilha maior, e numa cabine onde um homem triste bebe conhaque e ouve o apito da partida, sobe pela costura da calça, pelo jaleco, desliza até o cotovelo, e com um derradeiro esforço se insere na palma da mão direita, que nesse instante começa a fechar-se sobre a culatra de um revólver.
Após assistir o último filme de Werner Herzog "A caverna do sonhos esquecidos"
“Por que o nascimento da arte esteve ligado a uma expedição subterranea?
Por que a arte foi e permanece um sombria aventura?
A arte visual apresentaria um laço com os sonhos, que são eles também visões noturnas?
Vinte e mil anos se passaram: no final do sec XIX a humanidade veio em massa se enterrar e se algomerar nas salas escuras da cinematografia, das camaras de concerto, das salas de teatro.
Por que todos os santuários começam onde a luz do dia como a claridade astral cessam de ser perceptíveis, ali onde a escuridão e a profundidade oculta da terra reinam absolutas?
Por que seria preciso esconder essas imagens (que não são imagens, que a cada vez foram visões, phantasmata, que só surgiram semivisíveis com a ajuda da chama trêmula que repousava na gordura do animal abatido) no escondido da terra?
Por que o pensamento de bisões e de cabritos “fugiu” no momento do recuo das geleiras?
Apresento a especulação própria a esse pequeno tratado na seguinte forma: essas cavernas não são santuários de imagens.
Afirmo que as grutas paleolíticas são instrumentos musicais cujos muros foram decorados.
As pinturas rupestres começam onde cessamos de ver a mão diante do nosso rosto.
Ali onde vemos a cor negra.
O eco é o guia e a referência na escuridão silenciosa onde eles penetram e onde eles buscam as imagens.
O eco é a voz do invisível. Os vivos não veêm os mortos à luz do dia. Enquanto eles os veêm à noite nos sonhos. No eco, o emissor não é encontrado. É o esconde-esconde entre o visível e o audível.
Os primeiros homens pintaram suas visiones nocturnae deixando-se guiar pelas propriedades acústicas de certas paredes.
À luz da lâmpada de gordura, que descobria uma a uma as epifanias bestiais cercadas de sombra, respondiam as músicas litofônicas de calcita.”
(Pascal Quignard)
segunda-feira, 5 de março de 2012
Aquilo levanta-se. O quê? Sim. Dizer que se levanta e fica de pé. Teve de se levantar por fim e ficar de pé. Dizer ossos. Ossos nenhuns mas dizer ossos. Dizer chão. Chão nenhum mas dizer chão. De modo a dizer dor. Mente nenhuma e haver dor? Dizer que sim que os ossos podem doer até não haver alternativa senão levantar. Dalgum modo levantar e ficar de pé. Ou melhor pior restos. Dizer restos de mente onde nenhuns para permitir a dor. Dor dos ossos até não haver alternativa senão levantar e ficar de pé. Dalgum modo levantar. Dalgum modo ficar de pé. Restos de mente onde nenhuns só para a dor poder haver. Aqui dos ossos. Outros exemplos se preciso for. De dor. Alívio de. Mudança de. Tudo desde sempre. Nunca outra coisa. Mas nunca tão falhada. Pior falhada. Com cuidado nunca pior falhada. Luz obscura origem desconhecida. Sabe-se o mínimo. Não não se saber nada. Seria esperar de mais. Quando muito o mínimo dos mínimos. Maximamente menos que o mínimo dos mínimos.
Não haver alternativa senão ficar de pé. Dalgum modo levantar e ficar de pé. Dalgum modo ficar de pé. Ou isso ou gemer. O gemido que de longe tão longo vem. Não. Gemido nenhum. Dor simplesmente. Levantado simplesmente. Um tempo para tentar como. Tentar ver. Tentar dizer. Como a princípio esteve deitado. Depois de algum modo se ajoelhou. Pouco a pouco. E em diante a partir daí. Pouco a pouco. Até se levantar por fim. Não agora. Agora falhar melhor pior. Um outro. Dizer um outro. Cabeça afundada em mãos paralisadas. Vértice vertical. Olhos cerrados. Sede de tudo. Embrionária de tudo. Isto não tem futuro. Infelizmente tem. Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor. Melhor pior. Melhor caminhar. Caminhar parar. Parar sentar. Sentar deitar. Deitar dormir. Dormir sonhar. Sonhar caminhar.
El hombre imaginario vive en una mansión imaginaria rodeada de árboles imaginarios a la orilla de un río imaginario
De los muros que son imaginarios penden antiguos cuadros imaginarios irreparables grietas imaginarias que representan hechos imaginarios ocurridos en mundos imaginarios en lugares y tiempos imaginarios
Todas las tardes tardes imaginarias sube las escaleras imaginarias y se asoma al balcón imaginario a mirar el paisaje imaginario que consiste en un valle imaginario circundado de cerros imaginarios
Sombras imaginarias vienen por el camino imaginario entonando canciones imaginarias a la muerte del sol imaginario
Y en las noches de luna imaginaria sueña con la mujer imaginaria que le brindó su amor imaginario vuelve a sentir ese mismo dolor ese mismo placer imaginario y vuelve a palpitar el corazón del hombre imaginario.